segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Marcada - Por Erik Night (quarto capítulo)

Boa leitura!

O jantar não foi como sempre costumava ser. Todos os murmurinhos e conversinhas giravam em torno da garota nova e sua estranha tatuagem completa.
Estávamos na mesa de sempre, bem afastada das demais, em um canto. Gostávamos de ficar assim, víamos tudo, mas quase ninguém olhava pra cá. Mais uma vez se encaixou perfeitamente nos meus requisitos, nossa mesa ficava em um ângulo perfeito, onde de longe podíamos admirar Zoey. Bem, eu admirava, mas em segredo, Cole e TJ babavam, literalmente.
- Como pode uma garota ser tão gostosa? - Perguntou Cole.
- Eu não acho tanto assim não. - Disse Drew, fazendo com que Cole e TJ olhassem pra ele com a boca aberta.
- Como não? - indagou TJ - Drew, definitivamente você não sabe apreciar uma obra divina, Nyx com certeza deu uma mãozinha. Obrigado Deusa - Todos, menos eu, riram.
Não estava gostando do jeito que meus amigos falavam dela, era estúpido e infantil. Bem, não que eu não fosse estúpido, mas era da Zoey que eles estavam falando, e eu não gostei nem um pouco.
Antes de poder fechar minha boca disse:
- Galera. Deixem de ser tão superficiais. A garota é bonita? Sim. Mas isso não é tudo que importa. - Disse.
- Muito bem Erik, assim você aumenta minhas expectativas de que pelo menos algum homem nesse planeta não pense em nós, mulheres, apenas como um pedaço de carne. - Disse uma voz suave com um leve sotaque texano, que eu reconheceria em qualquer lugar.
Assim que a voz dela foi ouvida, todos pularam em suas cadeiras, suas expressões eram parecidas, o nervosismo era palpável.
Rindo internamente pelo meu momento de glória, contemplei a bela Vampira.
- Olá professora Nolan. Fico feliz em ajudar a botar algum senso na cabeça desses palermas - Todos me olharam descrentes e ela riu suavemente.
Nolan era a minha professora favorita em toda House of Night. Além de ser muito bonita, com seus olhos e cabelos castanhos, que eram levemente ondulados, ela tinha um jeito espontâneo que me fazia admirá-la, e embora ela não tivesse a presença marcante de outros Vampiros, como nossa Alta Sacerdotisa Neferet, ela tinha uma energia especial que a deixava mais bonita. Esperava um dia ser tão bom quanto ela.
- Olá Erik, gostaria de lhe pedir um favor, se não se importar é claro, pois terá de faltar uma das suas aulas.
Há, eu sei exatamente o quê você está pensando nesse momento. Mas não vá achando que eu sou um daqueles caras que fazem de tudo para matar aula, porque eu não sou.
Aqui na House of Night as aulas vão além de qualquer coisa que se possa imaginar, elas são divertidas e diferentes, e não é como se você pudesse faltar facilmente. Todos os Vampiros adultos - que passaram pelos quatro anos de transformação e têm suas tatuagens completas - têm um jeito estranho de saber se estamos mentindo ou não. Automaticamente se estamos aprontando ou não.
E acredite, não é nada legal ser pego cometendo alguma infração.
- Amanhã estarei trabalhando monólogos com os terceiros-formandos, e acho que uma demonstração de como se faz iria os motivar. Foi quando pensei em você Erik. Acho, sinceramente, que os meus alunos irão gostar se virem uma apresentação sua.
- Puxa professora Nolan, seria uma honra apresentar um monólogo para a sua turma - disse sinceramente, era uma sensação ótima receber um elogio de quem você tanto admira.
- Perfeito. E desculpe por avisá-lo somente agora, mas é porque realmente não tive tempo mais cedo, por isso quero que escolha qualquer monólogo que já saiba de cor, pode ser até mesmo o que apresentou nas finais em Londres.
- Claro, pode deixar - Respondi com um sorriso.
- Obrigada Erik, até amanhã. E quanto a vocês meninos, espero que sejam mais sábios ao falar de garotas da próxima vez. - Com uma expressão de advertência ela se afastou.
- Até mais professora. - Dissemos todos juntos.
- Seria uma honra apresentar um monólogo para sua turma. - Repetiu Cole pondo a mão sobre o peito e fazendo uma imitação muito ruim.
- Que babaca. A professora Nolan tem razão mesmo, e não só por falar de garotas. - Murmurou Drew balançando a cabeça. - Falando em monólogos Erik, o que você pensa em apresentar?
- Sei lá, tenho muitos monólogos que eu sei de cor, é só escolher qualquer um deles.
Drew abriu a boca para falar algo quando Thor interrompeu:
- Parece que Afrodite achou alguém novo para atormentar.
- O que? - Perguntei.
- Olha ali. - E apontou o dedo na direção da mesa onde Zoey estava sentada. Apavorado percebi que Afrodite estava parada bem em frente à mesa dela com suas duas escudeiras, Deino e Enyo.
- Olá, Zoey. Bom ver você tão cedo. - Disse Afrodite, fazendo com que todos no salão de jantar parassem suas conversas para ouvir melhor.
- Será que ela vai arrumar uma briga? - Perguntou Drew.
- Eu iria adorar... - Disse Cole.
- Calem a boca! - Interrompeu TJ.
Zoey e seus amigos pularam levemente, surpresos. Eu sabia como ela devia se sentir, como aluna nova ela já estava muito assustada, mas pra piorar a situação, Afrodite, seguida de suas guarda-costas estavam tentando fazê-la passar vexame.
- Olá, Afrodite. - Zoey respondeu calmamente.
Surpreso, percebi que pelo tom de voz dela, elas já deviam ter se falado mais cedo. Será que Afrodite havia confrontado a novata? Claro que não, afinal ela era a líder das Filhas Negras, não podia sair provocando as pessoas logo de cara. Bem... Lembrando de como Afrodite era, eu não me espantaria se Zoey já estivesse com medo.
- Espero não estar interrompendo nada.
- Você não está. Só estávamos discutindo o lixo que precisa ser retirado hoje à noite. - Disse uma garota loira que eu achava que se chamava Erin.
- Bem, você certamente deve saber tudo sobre isso. - Respondeu Afrodite num tom de desprezo, virando suas costas para a garota, que parecia querer voar no pescoço dela.
- Zoey, eu deveria ter dito algo para você mais cedo, mas eu acho que eu esqueci. Eu queria te dar um convite para você se juntar as Filhas Negras no nosso privado Ritual de Lua Cheia amanha à noite. Eu sei que é raro para alguém que não está aqui a tempo o bastante participar do ritual tão rapidamente, mas sua Marca mostra claramente que você é, bem, diferente da maioria dos calouros. Eu já falei com Neferet, e ela concorda que seria bom pra você se juntar a nós. Eu te dou os detalhes mais tarde, quando você não estiver tão ocupada com... Uh... Lixo.
Assim que Afrodite saiu, o refeitório começou a sussurrar baixinho sobre o estranho convite para Zoey se juntar ao Ritual.
- Zoey no Ritual de Lua Cheia? Estamos no céu meus amigos. - Cantarolou Cole.
- Eu acho que Afrodite está aprontando alguma coisa. - Disse Drew.
- Ai cara, - murmurou Keith. - Por que sempre tem que haver alguma coisa? Deixe as coisas rolarem, pode ser até que Afrodite esteja sendo legal com a novata.
Todos o olharam como se tivesse acabado de dizer que falou com Alienígenas.
- Não sei não, Afrodite nunca é tão boazinha assim, principalmente quando... - Quase deixei escapar o incidente do corredor, por sorte Thor me interrompeu.
- Principalmente quando a novata tem uma estranha Marca preenchida que faz todos olharem pra ela. Concordo com Drew, aí tem coisa cara.
- Gente, estou indo para o meu quarto, vou ver se acho um monólogo interessante para apresentar amanhã. - Disse.
- Claro. - Murmuraram juntos. - Até mais.
No meu quarto, coloquei meu pijama e, deitado na cama, comecei a folhear os vários livros que continham monólogos de todos os tipos.
Buscava algum que expressasse meus sentimentos, eles eram tão confusos. Havia Afrodite, que embora fosse uma vaca total, já me despertou muitos sentimentos. E também havia Zoey, a novata que em dois segundos me fez sentir algo completamente diferente.
Mas nada disso se encontrava no livro de monólogos, fazendo-me escolher o primeiro que vi. Com certeza a professora Nolan iria gostar deste, falava de um rapaz que trabalhava no campo e sonhava um dia sair dali para encontrar um lugar melhor. Não era um dos melhores monólogos que havia apresentado, mas não estava a fim de apresentar nada muito romântico como ela me pediu, não estava no clima para isso.
Com o monólogo escolhido, apaguei as luzes e dormi um sono leve, sem sonhos.

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